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terça-feira, 27 de junho de 2017

DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO: BÊNÇÃO DADA NA CONVERSÃO

"Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna." (Tt 3.4-7).
O contexto evangélico brasileiro é caracterizado muitas vezes por uma teologia intuitiva, em que as pessoas, via de regra bem intencionadas, inventam conceitos equivocados que acreditam ter respaldo bíblico. Isso acontece especialmente quando os crentes formulam certas conclusões doutrinárias sem a prévia construção de uma base exegética sólida. A coisa fica pior quando essas conclusões são amparadas por crenças cristãs populares que, com o tempo, se tornaram dogmas tão enraizados na cabeça do povo que questioná-las pode colocar o nome de alguém na lista dos maiores inimigos de Deus já vistos na história humana.
Esse é o caso da crença no batismo do Espírito Santo como uma segunda bênção que o crente deve buscar ardentemente após sua conversão e que deve vir obrigatoriamente acompanhado do pronunciamento de “línguas estranhas”. Muitos evangélicos acreditam nisso com todas as suas forças e defendem essas ideias como se fossem a essência do evangelho e o cerne de toda a doutrina proclamada pela igreja. Para muitos, o tal “batismo” constitui o alvo supremo da vida cristã e a razão central de suas orações, louvores, cultos e jejuns.
Nada mais longe da verdade! Em primeiro lugar, considere-se o modo como a Bíblia aborda o dom de línguas. O NT fala tão pouco sobre esse dom que chega a criar a impressão de que as igrejas da época não davam importância alguma a esse assunto. De fato, em toda sua produção epistolar, Paulo se refere às línguas somente em 1Coríntios e isso para corrigir alguns desvios. Nessa mesma epístola ele deixa claro que o dom de línguas era o menos relevante de todos (14.19) e o coloca por último nas listas de dons expostos em 12.8-10,28. Na sua segunda epístola dirigida àquela mesma igreja, Paulo sequer alude ao tema.
Também em Romanos e Efésios, onde o apóstolo faz outras listas de dons espirituais, línguas sequer aparecem. Pedro, João, Tiago, o autor de Hebreus e Judas não dizem nada sobre as línguas, fortalecendo a verdade de que toda a ênfase que os evangélicos dão a esse assunto é coisa da igreja atual sempre disposta a valorizar o que é secundário e a desprezar o que é essencial: a justiça, a misericórdia e a fé (Mt 23.23). De fato, assim como os católicos dão centralidade à eucaristia (outro tema tratado muito pouco no NT), muitos evangélicos de hoje parecem dar centralidade às línguas, sem levar em conta que nem Jesus, nem apóstolo algum, jamais atribuiu grande relevância a essa prática.
Em segundo lugar, é preciso destacar que a leitura do registro de Atos acerca das quatro ocasiões em que o Espírito Santo foi derramado com evidência de línguas (sobre os judeus, sobre os samaritanos, sobre os gentios e sobre os discípulos de João, seguindo a sequência de Atos 1.8), em nenhuma delas as pessoas envolvidas receberam o Espírito depois de tê-lo buscado ardentemente após a conversão.
Em Atos 2, os cristãos judeus aguardavam (não buscavam) em oração o cumprimento da promessa da vinda do Espírito sem ter a menor ideia de como isso aconteceria. Em Atos 8 o Espírito foi derramado sobre os convertidos de Samaria tão logo os apóstolos ali chegaram, sem que ninguém dentre os novos crentes clamasse, jejuasse, buscasse e orasse pedindo isso. Aliás, Atos 8 sequer afirma de maneira expressa que os samaritanos falaram em línguas naquela ocasião. Em Atos 10, todos os gentios reunidos na casa de Cornélio receberam o Espírito Santo enquanto ainda ouviam a pregação de Pedro, sem que tivessem a menor noção prévia do que seria aquilo. Em Atos 19, os discípulos de João também receberam o Espírito tão logo ouviram e aceitaram a mensagem completa do evangelho. Que isso acontecia assim que a pessoa cria, sem nenhuma necessidade de busca, fica evidente pela pergunta de Paulo dirigida àqueles discípulos de João: “Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?” (At 19.2).
Nada, portanto, corrobora a ideia de que o batismo com o Espírito Santo acompanhado de línguas deve ser buscado ardentemente pelo cristão como uma segunda bênção. Na Bíblia esse ensino não existe. Na verdade, em Gálatas 3.2, Paulo até censura a ideia de que alguém possa receber o Espírito Santo por meio do esforço próprio.
Finalmente, deve-se esclarecer que o batismo com o Espírito Santo não é uma segunda bênção dada após a conversão. Em vez disso, é uma bênção “primária” concedida no momento da conversão, sem necessidade alguma de ser acompanhado de línguas “estranhas”. Em 1Coríntios 12.13 Paulo diz que “em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo”. Isso significa que o batismo do Espírito Santo é a inserção do crente no corpo de Cristo, isto é, a igreja. Ora, isso acontece quando a pessoa crê no Salvador. Nesse momento, a pessoa é inserida na comunidade dos salvos, sendo este o "batismo do Espírito". Associado a esse batismo está também o derramamento do Espírito sobre a pessoa que crê. Esse derramamento, conforme se depreende do trecho da Carta a Tito transcrito acima, advém “ricamente” ao indivíduo para que ele seja salvo, experimentando “o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”, tudo isso a fim de que “justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna”. Afinal de contas, conforme Paulo realça, “se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9).
Fica, assim, evidente que o batismo/derramamento do Espírito Santo é concedido à pessoa quando ela se converte, não havendo necessidade alguma de ser buscado intensamente pelo crente, como ensinam por aí. Na verdade, segundo o claro ensino da Palavra de Deus, o que o crente deve buscar intensamente agora é a plenitude do Espírito, ou seja, o controle completo do Espírito Santo sobre a sua vida, promovendo louvor, gratidão, humildade, santa comunhão e frutos de justiça (Gl 5.22; Ef 5.18-21).
Non nobis, Domine

Pr. Marcos Granconato

quinta-feira, 15 de junho de 2017

COMO SURGIU A FESTA DE CORPUS CHRISTI?

O governo brasileiro extinguiu a proibição do trabalho em grande parte dos dias considerados santos pelos católicos. Entretanto, um dos feriados religiosos que ainda permanece de pé é o dia em que se comemora a festa de Corpus Christi (expressão latina que significa "Corpo de Cristo").
A festa é celebrada anualmente, mas não tem um dia fixo, ou seja, sua data é móvel e deve sempre ocorrer numa quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.
Na realidade, a observação da festa deveria ocorrer na quinta-feira da semana santa, o dia da última Ceia, mas foi transferida para outra data para que não fosse prejudicada por causa das celebrações em torno da cruz e da morte de Jesus Cristo, na sexta-feira santa.

ORIGEM DAS COMEMORAÇÕES
Tudo começou com a religiosa Juliana de Cornellon, nascida na Bélgica, em 1193. Segundo alegou, teve insistentes visões da Virgem Maria ordenando-lhe a realização de uma grandiosa festa. Juliana (mais tarde Santa Juliana) afirmava que a festa seria instituída para honrar a presença real de Jesus na hóstia, ou seja, o corpo místico de Jesus na Santíssima Eucaristia. Ainda quando era bispo, o papa Urbano IV teve conhecimento dessas visões e resolveu estendê-la à Igreja Universal, o que então já era uma verdadeira festa. Pela bula "Transituru do Mundo", publicada em 11 de agosto de 1264, Urbano IV a consagrou em todo o mundo, com uma finalidade tríplice:
  • Prestar as mais excelsas honras a Jesus Cristo
  • Pedir perdão a Jesus Cristo pelos ultrajes cometidos pelos ateus
  • Protestar contra as heresias dos que negavam a presença de Deus na hóstia consagrada

NO BRASIL
No Brasil, a festa de Corpus Christi chegou com os colonizadores portugueses e espanhóis. Na época colonial, a festa tinha uma conotação político-religiosa. É que dias antes das procissões, as câmaras municipais exigiam que as casas de moradia e de comércio fossem enfeitadas com folhas e flores. Na época, quando o Brasil ainda era uma colônia, participavam da procissão membros de todas as classes, incluindo os escravos, os leigos das ordens terceiras e os militares. Durante muitos anos, o entrosamento do povo com o governo, e vice-versa, foi praticamente completo. Um exemplo que comprova esse fato ocorreu em 16 de junho de 1808, quando D. João VI acompanhou a primeira procissão de Corpus Christi, realizada no Rio de Janeiro.

AS PROCISSÕES
O que marca a festa de Corpus Christi são as procissões, quando ocorrem as ornamentações das ruas com tapetes feitos de vários tipos de materiais, como papel, papelão, latinhas de bebidas, serragem colorida, isopor, etc. Desenhos são elaborados nessa ornamentação com as figuras de Jesus, do cálice da Ceia e da Virgem Maria. Utilizam-se toneladas de materiais para formar os tapetes vistosos e admirados pelos que acompanham as procissões.

O MAIS IMPORTANTE
O momento mais solene da festividade de Corpus Christi é quando o hostiário, onde estão depositadas as hóstias ainda não consagradas, é conduzido nas procissões por um líder da alta hierarquia católica. No momento em que o hostiário passa, um silêncio profundo é observado por todos os presentes e, de uma extremidade a outra, tocasse a sineta que anuncia a passagem do cortejo. As reações das pessoas são as mais variadas. Algumas se comovem ao extremo e choram, outras se ajoelham diante do hostiário. De ponto em ponto, há uma parada, quando, então, se entoam cânticos tradicionais. Segundo a liderança romana, as ornamentações são feitas para que o Corpo de Cristo possa passar por um local digno, para ser visto por todas as pessoas. Representa uma manifestação pública da fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia.

EUCARISTIA
Ensinando sobre a Eucaristia, diz a Igreja Católica:
"A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o corpo, o sangue, a alma e a divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual".
Ensina, ainda, que na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que se encontra no céu. Esclarece também que essa mudança, conhecida como transubstanciação,
"ocorre no ato em que o sacerdote, na santa missa, pronuncia as palavras de consagração: 'Isto é o meu corpo; este é o meu sangue'''.
O catecismo católico traz uma pergunta com relação ao Sacramento da Eucaristia nos seguintes termos: "Deve-se adorar a Eucaristia?". E responde:
"A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor".

O QUE DIZ A BÍBLIA?
Os católicos procuram justificar a festa de Corpus Christi com a Bíblia citando partes dela que supostamente dão base para o dogma da Eucaristia. Os textos mais freqüentemente usados são os de Mateus 26.26-29; Lucas 22.14-20 e João 6.53-56.
Essa doutrina é contrária ao bom senso e ao testemunho dos sentidos: o bom senso não pode admitir que o pão e o vinho oferecidos pelo Senhor aos seus discípulos na Ceia fossem a sua própria carne e o seu próprio sangue, ao mesmo tempo em que permanecia em pé diante deles vivo, em carne e osso. É manifesto que Jesus, segundo seu costume, empregou uma linguagem simbólica, que queria dizer:
"Este pão que parto representa o meu corpo que vai ser partido por vossos pecados; o vinho neste cálice representa o meu sangue, que vai ser derramado para apagar os vossos pecados".
Não há ninguém, de mediano bom senso, que compreenda no sentido literal destas expressões simbólicas do Salvador. A razão humana não pode admitir tampouco o pensamento de que o corpo de Jesus, tal qual se encontra no céu (Lc 24.39-43; Fp 3.20-21), esteja nos elementos da Ceia.
Biblicamente, a Ceia é uma ordenança e não uma Eucaristia; era empregado o pão e não a hóstia; é um memorial, como se lê em 1 Coríntios 11.25,26, e sua simbologia está em conformidade com o método de ensinamento do Senhor Jesus, que usou muitas palavras de forma figurada: "Eu sou a luz do mundo" (Jo 8.12); "Eu sou a porta" (Jo 10.9); "Eu sou a videira verdadeira" (Jo 15.1). Quando Jesus mencionou na última Ceia os elementos "pão" e "vinho", não deu qualquer motivo para se crer na transubstanciação.
Não se engane, adorar a Eucaristia também é um ato de idolatria!
Autor: Natanael Rinaldi - Divulgação: A Palavra Virtual Estudos Biblicos Evangélicos